sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A BANDIDAGEM NA SOMBRA

O vídeo postado pelo jornalista Edson Sombra em seu blog com a intenção de se vingar do delegado e agora ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal, é extremamente revelador. Mais do que isso, é uma peça digna para compor o museu da bandidagem - se não existe tal instituição, é preciso cria-la para que o brasileiro conheça como agem os corruptos.

O vídeo traz uma gravação de uma reunião com três personagens principais: um jornalista inescrupuloso, ávido por poder e dinheiro; um empreiteiro que não tem limite para abocanhar a área de uma feira inteira que vem a ser o ganha-pão de centenas de famílias brasilienses; e um delegado, agente público lobista, servidor público da pior espécie e que usa o poder da polícia para ganhar mais dinheiro além do polpudo salário que a sociedade lhe paga para ter segurança, sem se preocupar em manchar a imagem da instituição a qual pertence e os seus colegas policiais.
O enredo é de um filme policial do tipo B, aquele de extremo mau-gosto. Gravado na Capital da República, numa sala decorada por peças caras, mas de gosto duvidoso, na mansão de Edson Sombra. O empreiteiro Galdino, proprietário da GDL, empresa que briga para abocanhar a área da Feira do Paraguai, vai ali escoltado pelo delegado Onofre, amigo íntimo do tal Sombra, que age com tamanha intimidade que se permite a fumar na sala fechada e abrir a geladeira e se servir e servir ao empresário, sem pedir licença ao dono da casa.
 É um vídeo não recomendado para menores e para gente de coração de estudante: palavrões são disparados a todo instante em todas as direções e a edição final da fita não teve o cuidado de retirá-los como fez seguidas vezes em outros momentos em temas mais tenebrosos; a metodologia da bandidagem é exposta didaticamente, especialmente nos últimos quadros do filme, ou melhor, do vídeo, quando na sala só permanecem o delegado e o tal jornalista.
A cena final é antológica e digna de ocupar lugar privilegiado no Museu Nacional da Bandidagem: o dono da casa já sem camisa e juntando os papéis das balas consumidas (que bem poderiam ser substituídas por cartuchos de arma de fogo) ouve o delegado expor - atirando para matar a língua portuguesa - o que está reservado ao político que cai em desgraça por não entrar no ”esquema”. Eis a fala do delegado: “Vem o primeiro bandido e “fala”: ele é do mal, é corrupto por que me tomou isso e aquilo que eu tinha; depois vem o segundo bandido e “fala”: ele é do mal, é corrupto e me tomou isso e aquilo que eu tinha; depois vem o terceiro e o quarto. Aí tá perdido. É o que vai acontecer com o Agnelo. Aí vem o Ministério Público e a Polícia Federal e abre um processo, depois outro processo”. O Sombra acompanha o delegado na sua exortação e aprova cada palavra, cada frase e o método empregado. Finalmente, o delegado pergunta triunfante: “Antônio Carlos Magalhães nunca caiu por quê? Sarney não cai nunca por quê? Agora esse aí”...
Já em clima de despedida do policial lobista, o jornalista Edson Sombra arremata: Agora você não sai por aí falando o que ouviu que vai acontecer. Fica calado que a qualquer momento eu solto um peido.


Texto extraído do vídeo postado no blog de Edson Sombra.
Gravação de junho de 2011.
Agente de polícia: ...É a mulher da joia?
Edson Sombra: Que porra de joia.
Agente de polícia: Não é a joia, é outra coisa?
Edson Sombra: Não sei se derrubo ela ou se derrubo todo mundo logo. Só matando os dois. Se não matar já era. Os caras vão direto à Justiça, à Polícia Federal.
Delegado Onofre (apontando para o empreiteiro): Edson, o Galdino é o dono da Construtora GDL. O assunto é a Feira do Paraguai.
Edson Sombra: Eu sei aquela história. Teve uma primeira publicação. Essa foi técnica, muito técnica no Brasília em Off. A segunda não foi técnica. (atende ao telefone).
Delegado Onofre: Vai cair a fita do Agnelo prometendo a Secretaria para Durval Barbosa.
Edson Sombra: Sexta-feira, Cristovam Buarque sobe à tribuna e disse que tem informação que Durval continua operando no governo de Agnelo. Telefonei para ele e disse: se você continuar pegando dinheiro eu vou botar você na cadeia. Eu não ou ficar aqui na minha casa preso sem poder ir aonde eu quero enquanto você fica pegando dinheiro. (Sombra lê correspondência que esta a enviando ao senador Cristovam Buarque e se coloca à disposição para esclarecer quaisquer fatos que envolvam seu nome). Cristovam acusou o senador por uma porção de coisas. Foi aparteado pelo Rodrigo e pelo Gim Argelo. Os três sentaram o cacete no Agnelo. Estou recebendo o vídeo amanhã?
Agente de Polícia: Sentaram o cacete no Agnelo?
Sim, nesse vagabundo que está aí. Os três. Ninguém divulgou. Eu vou postar o pronunciamento e vou dizer que o Durval respondeu e o Agnelo não respondeu. Por quê?
Tem um cara, um tal de Desomar, aí do governo que está no meio disso. O administrador de Samambaia. Essa é a primeira. Matéria consistente. A segunda tinha um vídeo de Arruda pedindo dinheiro. Acabou o vídeo. Essa eu não publiquei. Não foi para o Brasília em Off.
Delegado Onofre: Instalaram inquérito na Polícia Civil. Eles querem pegar um pezinho para mudar.
Edson Sombra: (Fala sobre seu blog) É aquele rol que o cara não sai de nossa página. Vai e volta, vai e volta, vai e volta.
Delegado Onofre: (apontando para o empreiteiro) O Galdino é a maior vítima dessa história. Só que ele não quer dar um estrondo na imprensa porque é um empreendedor, pode prejudicar ele.
Empreiteiro Galdino: Eu...
Edson Sombra: Você quer me abrir a história, me contar tudo, aí eu explodo. Só você e eu.
Empreiteiro Galdino: A primeira matéria é técnica, mas inconsistente.
Edson Sombra: Inconsistência ou mentira?
Empreiteiro Galdino: Inconsistência. De certa forma incomoda um pouco.
Edson Sombra: Incomoda a quem?
Empreiteiro Galdino: Incomoda a mim. Como eu sabia que o Onofre tinha amizade contigo eu pedi a ele. Trabalhar com a verdade a gente fica a vontade. Foi uma licitação pública. Os terrenos colocados em licitação. A minha empresa DGL efetuou a caução efetuou a caução e se habilitou a participar e ganhou a licitação por ofertar o melhor.
Delegado Onofre: Chamaram o delegado Flamarion e pediram para instaurar um inquérito. Querem pegar um pezinho para cancelar a licitação.
Edson Sombra: Que Flamarion?
Delegado Onofre: Decape. Sabe quem está por trás? O Agnelo. Ele está pegando o negócio do Arruda.
Edson Sombra: Ele não está pegando o negócio do Arruda. Eles são sócios, desde quando estavam no PMDB.
Delegado Onofre: Ah, entendi. Então é por isso que o Fellipeli está na história. Está fechando.
Edson Sombra: Está fechando.
Delegado Onofre: Talvez o Agnelo nem esteja nessa história.
Edson Sombra: Está na maldição.
Delegado Onofre: Ele não pode gritar. Aí quem tá operando é o Fellipeli. Esse inquérito é de natureza sigilosa.
Edson Sombra: A quadrilha está por trás.
Empreiteiro Galdino: O presidente da Comissão de Licitação é o Dalmo. Chamaram o Dalmo de bandido.
Edson Sombra: (para o empreiteiro Galdino) Pega toda a documentação. Vai ser tudo em off. Eu sou jornalista e não posso me expor. Eu me responsabilizo por tudo que faço. (o delegado levanta, vai à geladeira e abre um refrigerante e serve o empresário). Aí a gente começa a conversar sozinho. Eu assumo por meus atos.
Empreiteiro Galdino: Você é um cara positivo.
Edson Galdino: Vou te fazer todas as perguntas, tirar todas as dúvidas e quero que seja sincero. Não quero surpresa nenhuma. Por trás está fulano e fulano. Se tiver você me fala. Eu não posso me surpreender.
Delegado Onofre: Ele era funcionário da empresa Emplavi. Ganhava muito bem. Saiu e montou o seu negócio.
Empreiteiro Galdino: Os caras do governo atual enxergaram.
Delegado Onofre: Eu falei pro Chino, quando seu governador estiver saindo no camburão da Policia Federal, que eu estiver aposentado e vendo vou dizer: chama a diretora para tirar ele. Ele disse: mas aí é difícil.
Empreiteiro Galdino: Foi o delegado que tomou o meu depoimento. Eu falei para o delegado: Doutor eu vou falar o que está na Justiça. Olha o processo aqui. Nós vamos perder tempo para ler o que está no processo. Então ele disse em off assim: você não está sabendo de alguma armação, de alguma coisa assim de alguma irregularidade. Eu disse que não. Entendeu o que eles estão fazendo? Não sou tão inteligente assim mas o negócio é grave. Foi homologado no nome da cooperativa dos feirantes eu entrei na Justiça para anular a licitação.
(Sombra pergunta pela caução que foi paga)
Empreiteiro Galdino: Já recebi. A caução é um depósito só para habitação. (o delegado segue a conversa repetindo as frases de Galdino. Mostra-se ciente de tudo o que está se passando).
Delegado Onofre: (dirigindo a Galdino) Numa  briga dessa você não pode dar argumento para os caras.
Empreiteiro Galdino: O faturamento é de quatro milhões e meio a cinco milhões por. Altamente lucrativo. O valor da prestação é de oitocentos mil. É altamente viável.
Edson Sombra: Lembrem-se que tudo isso começou em maio de 2009.
Empreiteiro Galdino: Trinta e quatro milhões é barato. Eu só queria aquela Feira por três anos.
Edson Sombra: (dirigindo-se ao delegado) Peça férias a partir de 30 de junho e viaja. Mas viaja para uma capital. Quando você chegar eu estava telefone com um oficial da  PM. Um tenente-coronel. Colocaram mil oficiais em função administrativa (palavrões). Cadê os carros?
Delegado Onofre: São mil carros na P2, de placa fria.
Edson Sombra: (Falando sem dirigir a nenhum deles, visivelmente fala para o gravador, enquanto o empresário se despede): Vossa Senhoria não me deve nem um tostão pelo serviço.
(tira a camisa e dirige-se ao delegado): Ninguém desconfiou de você com ele.
Eu não sabia que o Agnelo é uma pessoa tão rancorosa.
Ele não escapa da próxima semana vai ter que dar explicações no Senado.
Delegado Onofre: Ele expôs o esquema. Isso acontece assim: vem um bandido e fala: ele é do mal, corrupto e me tomou isso e aquilo. Aí vem outro bandido e diz: ele é do mal, corrupto e me tomou isso e aquilo. Depois vem, o terceiro e depois o quarto. Aí tá perdido. Aí vem o Ministério Público, vem a Polícia Federal e abre um processo, depois abre outro processo. É o que vai acontecer com Agnelo. Antônio Carlos Magalhães alguma vez caiu por isso? Sarney nunca caiu por isso. Agora esse aí...

6 comentários:

  1. Lucia parabéns pelo trabalho e análise do vídeo (trash) de Edson Sombra, indivíduo que envergonha o jornalismo. Lamentavelmente parte da mídia, comprometida com os que praticam a velha política, dá palanque para esse tipo de ação, e muitos blogueiros repetem essa aberração. É questão de tempo para o tal Sombra ir descansar a sombra de uma cela de penitenciária.

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  2. Kkkkkkkkkkk, você ficando cada vez melhor contando piadas, Ari Toledo que nada, agora as melhores piadas são suas Lúcia, quem não deve não teme, que apareçam logos todos os vídeos pois aí já era pro Agnelo& Filipeli e toda turma, pena que o Filipeli paga em dia se não ele era o próximo.

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    1. Dedé eu compreendo o seu sarcasmo porque vc faz parte da Bandidagem da Sombra

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    2. Quem vai cair é você, Dedé! Vc tb é um bom humorista que nem o Trapalhão de nome homônimo;

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    3. Nossa! Isso foi uma ameaça velada ou é impressão minha?!
      Não se espantem se a autora desse blog sofrer um incidente faltal em breve!
      Alô Ministério público!!! Ameaça não é crime?

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  3. Sombra é um bom jornalista, mas todos da mídia que se envolve em negócios suspeitos, com pessoas suspeitas não podem ser levadas a sério 100%, infelizmente. Há verdade? Sim. Mas até que ponto o envolvimento e as "verdades ocultas" podem está nos textos e contextos? Até que ponto os interesses pessoais tornam-se mais importante que a verdade que o povo merece saber? Tudo isso faz com que o que vem daquele que escreve a suspeita de mais um "ponto" aumentado para se proteger, se justificar. E isso me preocupa quando leio e vejo qualquer fato transformado em notícia. E maior é a preocupação quando sou eu que escrevo. Então, não acredite 100% nunca...

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