quarta-feira, 16 de maio de 2012
Resistindo ao crime organizado, por Agnelo Queiroz
Afirmei durante minha posse como governador de Brasília que as nuvens tempestuosas de uma das piores crises políticas vividas pela cidade ainda não tinham se dissipado. A situação em que encontrei o DF ? com serviços públicos à beira do caos, afundado em dívidas e inadimplência, com várias obras paralisadas ? era o resultado de uma gigantesca engrenagem institucional capturada pelo crime. Ao longo desse período, no exercício do cargo, tenho combatido diariamente os malfeitos produzidos por esse grupo criminoso. Os fatos apenas confirmam a correção da minha percepção inicial.
Os tentáculos dessa engrenagem envolvem empresários, políticos e prepostos em veículos de comunicação. As interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e formalizadas nos autos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revelam os interesses desse grupo no DF: o lixo e a bilhetagem eletrônica nos serviços de transporte. Em nenhuma dessas áreas a organização de Carlos Cachoeira conseguiu alcançar suas ambições.
No que tange ao lixo, a participação da empresa Delta Construtora na execução da coleta foi determinada pela Justiça ainda no governo anterior. Na minha gestão, não houve o patrocínio de qualquer indicação de pessoa desse grupo para cargos no governo. Ao contrário do que foi divulgado de forma cirúrgica e seletiva, a minha postura foi a de determinar auditoria no contrato em vigor, impor novos padrões de fiscalização sobre os serviços e reter o pagamento de despesas sem comprovação ou fundamento.
Os contraventores, em diálogos flagrados pela polícia, reclamavam dessas atitudes. Inconformados, decidiram tramar pela queda de um governante democraticamente eleito pelo povo. A audácia dessa engrenagem institucional voltada ao crime pretendia subverter até a legitimidade do voto popular.
Além da postura firme do meu governo no setor da coleta de lixo, na área de transporte as ações também perseguiram a legalidade e a probidade administrativa. Pela primeira vez na história da capital, realiza-se uma licitação pública para atrair novos operadores para os serviços de ônibus. Com novos ônibus e novos operadores, teremos, então, condição de estudar como será realizado o serviço de bilhetagem eletrônica. Ou seja, na área de transporte, executamos uma política de Estado com transparência e legalidade jamais vistas no DF.
Prejudicados no terreno da gestão, os contraventores de Goiás articularam-se com o crime organizado de Brasília e passaram a exercer suas conexões na política e na mídia. Criaram um clima artificial de denúncias e de acusações contra a pessoa do governador com o intuito claro de desestabilizar o governo.
Textos publicados mais recentemente em alguns veículos da internet revelam que meu nome é o centro das conversas mantidas entre o sargento Idalberto Matias, conhecido como Dadá, e o contraventor Carlos Cachoeira. Em certo momento da conversa, calcula o vulgo Dadá: “Pro cara cair é três, quatro meses”.
Dadá avalia com Cachoeira a participação do senador Demóstenes Torres (DEM) no processo de desconstrução da minha reputação pessoal, até que se atinja o objetivo final de me tirar do governo. Eles chegam à conclusão de que, em vez de usar dossiês de opositores, deveriam aguardar uma suposta denúncia que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, estaria prestes a apresentar.
Diz um dos contraventores: “O cara vai ser denunciado mesmo lá na frente, entendeu, e aí a gente tem argumento para dizer ó... o cara (Demóstenes) tá fazendo o papel dele na oposição”. Esse diálogo é atribuído ao vulgo Dadá. Fica patente e cristalina a extensão e a capacidade operacional dessa organização para o crime e para a destruição de reputações.
Brasília e o meu governo têm conseguido resistir e superar todas essas investidas do crime organizado. Executamos uma nova agenda. Nela, transparência e ética pública, saúde, investimento social e a recuperação da dignidade da capital federal são prioridades. Há ainda muito trabalho a ser realizado para melhorar a vida da população do DF. Mas o primeiro e mais extenuante deles até aqui está sendo a guerra que começamos a vencer contra o crime organizado, derrotado nas últimas eleições, e que se havia incrustado no poder público na capital do nosso país.
Agnelo Queiroz (PT) é governador do Distrito Federal
FONTE: http://www.ptbarreiras.org.br/index.php?page=news&op=readNews&id=1006&title=Artigo-Resistindo-ao-crime-organizado-por-Agnelo-Queiroz&utm_source=PT+Barreiras+-+Bahia&utm_medium=twitter
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